PRIORIDADES
Meus amados, o Senhor tem posto há algum tempo uma palavra no meu coração, a fim de que eu possa compartilhá-la com vocês. Venho observando certas posturas humanas diante da vida, das circunstâncias, dos problemas. Há muita gente passando por dores intensas, sofrimentos profundos, daqueles que corroem a alma e vão matando aos poucos, minando o entusiasmo da existência. Pessoas que sofreram decepções tremendas, pessoas que depositaram toda a sua confiança e boa vontade em algo ou alguém e se frustraram. Quanta gente assim existe! Quantas pessoas, trancadas no quarto, choram um choro incontido, sincero, sofrido. Se pudéssemos enxergar a alma dos que nos cercam, veríamos uma verdadeira multidão de gente triste, gente que há muito perdeu qualquer perspectiva de vida. São sonhos mortos, objetivos sepultados, esperança esfacelada. Ver uma mente sã nos dias de hoje é algo raro.
Grandes interrogações vagam, sem respostas: Por que tanto sofrimento? Por que tanta tristeza? A vida precisa ser assim? Não há como escapar de ao menos uma parcela dessas angústias? A alma se inquieta ante a tantos questionamentos e, enquanto não os respondermos, não seremos de fato felizes. As perguntas fervilham em nós, mas, quando começamos a nos dedicar ao estudo da Palavra de Deus, nossos olhos são abertos. Enxergando essas questões sob uma perspectiva bíblica, fica fácil encontrar algumas respostas. Há várias razões pelas quais o homem sofre. As dores se abatem sobre nós porque muitas vezes somos desobedientes e brincamos com o pecado, como Sansão. Outras vezes, como Davi, cobiçamos o que não nos pertence. Ou ainda agimos como o povo de Israel, sentindo saudades dos tempos do cárcere. No entanto, os mais numerosos casos de sofrimento se dão por um motivo elementar: nossas PRIORIDADES.
Temos uma tendência natural – e completamente equivocada - para organizar nossos propósitos de vida. Vivemos e apostamos no relacionamento conjugal, na relação com os filhos, com a família. Apostamos tudo quanto temos num namoro, e ele fracassa. Fazemos loucuras numa amizade, e ela sucumbe. Passamos horas a fio investindo numa empresa ou num concurso. Damos a vida por uma causa e, não raro, as perdemos. É uma busca sem fim por status, reconhecimento, dinheiro. Precisamos nos afirmar todos os dias, provar para nós e para outrem que somos alguém, que temos valor!
Não venho lhe dizer, meu amado, que investir num relacionamento é algo absurdo. Não, não é. Lutar por um emprego melhor também não. Tampouco é leviano quem almeja um padrão de vida mais elevado. Não há absolutamente problema nenhum nessas coisas. A grande questão é quando isso tudo ocupa o centro da nossa vida. O nosso coração precisa estar voltado para a soberana vontade de Deus. Ele tem de ser nosso foco, nosso objetivo maior. Se o Senhor não tem prioridade na nossa vida, dificilmente prosperamos. E mais: os sofrimentos tendem a se acentuar. Mas isso não se passa porque Deus nos pune ou nos amaldiçoa. Os sofrimentos simplesmente são proporcionais às nossas prioridades. Se depositamos nossa confiança em algo deste mundo, por mais seguro que pareça, um dia nos decepcionamos. Se nosso coração está nas coisas materiais, “quebramos a cara”, porque elas perecem. Se está em alguém, igualmente nos frustramos, porque pessoas são falhas. Mas se entregamos o centro do nosso viver e querer a Cristo, nunca nos enganaremos. Como diz o rei Davi, no Salmo 34, “todos os que olham para o Senhor estão radiantes de alegria e os seus rostos jamais verão decepção”.
Há sofrimentos inevitáveis, sem dúvida. Mas há outros, muitos outros que podemos evitar simplesmente organizando nossas prioridades conforme a Palavra de Deus. Tudo quando fizermos, diz o apóstolo Paulo, façamos para a glória de Deus. Tendo o Senhor em primeiro lugar, deixaremos de nos importar com tantas dores, abandonaremos inúmeros sofrimentos vãos. Quando olhamos para o alto, para a glória do Senhor, somos anestesiados pela graça e rendidos pelo amor. Ao perseverarmos em oração e em obediência, amadurecemos tanto espiritualmente que muitas das angústias de trás não nos consomem mais.
É uma falácia pensar, no entanto, que os seguidores de Jesus não sofrem. Sofrem sim, mas têm em quem se segurar no dia da angústia. O Senhor sustenta os que O temem, os que estão firmados na Rocha. Sete vezes cairá o justo, diz a Palavra, e se levantará! Ainda que a tristeza nos sobrevenha, ainda que o mundo pareça desabar sobre nós, cremos que a alegria vem pela manhã. Isso se chama fé. O nosso Deus é mestre em transformar maldição em bênção! Sofremos, mas cantamos como Paulo e Silas na prisão. Louvamos e declaramos a nossa esperança, como Jó: Eu sei que o meu Redentor vive e por minha causa Ele se levantará! Isso é ser cristão! Isso é andar debaixo da graça do Senhor! Enganam-se os que acham que servir a Cristo é só pular, falar em línguas ou viver submisso a uma doutrina opressora. Tampouco é somente gritar amém e aleluia o tempo inteiro. Estamos longe de sermos um bando de alienados correndo atrás de objetivos torpes. Somos um povo que espera e confia na providência divina! Somos um povo que sabe a quem serve e para onde vai! Organizemos, pois, as nossas prioridades, a fim de que sirvamos com perfeição e, dignamente, desfrutemos de uma vida abundante.
Que a graça e a paz do Senhor Jesus estejam com todos agora e sempre!
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